Só uma imensa vontade de partilha, para que a todos tudo chegue, me move...tudo o que seja pensado acima desta "fasquia" medida por uma fraqueza humana (EU mesmo) mas confiante na Providência Divina, são meras suposições humanas que eu declino em amor e verdade perante Aquele que "sonda os corações e conhece os pensamentos mais escondidos."


"Sobre os teu muros Jerusalém colocarei sentinelas que dia e noite anunciarão o NOME do SENHOR."


Não faz o obreiro mais do que lhe é devido.


Discípulo do Mestre Jesus Cristo

Servidor do Pai Criador em espírito e verdade

Porque assim quer o PAI que O sirvam

e Adorem

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Foi por causa de um livro chamado “Ao ritmo do tempo dos monges” que senti um impulso fortíssimo de alinhavar umas ideias sobre o tempo.
O tempo que passa entre os nossos dedos, na nossa vida e que nós teimamos, perdoem -me, tal burro á roda com a nora, afirmar a todo o momento que o não temos... ao tempo.
Nesse livro, entre outras coisas que irei afirmar neste texto, houve uma frase que “cresceu” em mim dando-me uma dimensão diferente do nosso tempo desordenado e ansioso. Essa frase falava sobre cânticos e, dizia um músico eucarístico que, cantar cânticos é a arte que torna audível o silêncio e deixa o tempo ficar parado.
...a arte que torna audível o silêncio e deixa o tempo ficar parado.
Poderosa esta frase. Até porque ao lê-la me recorda muitos momentos em que, em meditação ou oração “dinâmica”, como lhe gosto de chamar, existiram sensações da não existência de tempo, como se ele, o tempo, tivesse dado lugar a um espaço sem tempo, um momento intemporal. Isto é tão verdade quantas vezes ouvimos um irmão dizer, tal como Pedro, “que bem que se está aqui.”
E quem diz ou pensa e sente esta frase, “que bem que se está aqui”, é porque nesse momento está verdadeiramente ali, por inteiro, sem pensar no tempo que ficou para trás nem no que ainda há-de vir. Celebrando o momento...
Em celebração contínua, é assim que eu vejo o tempo do ser peregrino nesta terra, já contemplando e adivinhando a celebração que nos espera no tempo sem tempo com o maior de todos os Celebrantes, Jesus Cristo. E em festa Lhe diremos: “aqui me tens Senhor. E agora, que queres que eu faça?” Porque as festas são tempos sagrados.
As Festas, celebrações, são como uma renovação do tempo a partir da origem. “Pressentimos aí o verdadeiro significado do tempo: o momento que Deus nos oferece, o local do encontro com Deus...”
O filósofo grego Demócrito, entre outras coisas, compreendia a festa como uma pousada, uma paragem, no caminho das nossas vidas. A nossa vida é um estar constantemente a caminho. No entanto não podemos estar sempre a caminhar. Precisamos de encontrar pousadas para descansarmos, renovar forças. E onde um ser consciente da sua verdade encontrará melhor pousada para procurar forças se não na grande festa que é a Oração/Meditação/Contemplação (=Comunhão com Deus, logo com a natureza e tudo o que o rodeia)
Gostava de partilhar convosco meia dúzia de frases que o papa Gregório registou acerca de São Bento e da sua visão do tempo. O papa Gregório conta que São Bento num único raio de sol, consegue distinguir o mundo. Isto significa que num único instante, São Bento consegue ver tudo. Mas este tudo não é a grande variedade de coisas que se podem ver umas a seguir às outras. São Bento observa tudo profundamente e vê através das coisas.
Deixemos que São bento nos explique com palavras suas:
“Não vejo uma coisa sobre que pudesse contar. Vejo o fundo de todos os seres. Vejo o fundo da minha alma. E, aí, tudo se reúne. Aí se juntam os contrastes. Aí o tempo e a eternidade são um só. A contemplação significa a reunião com o ser e ao mesmo tempo a adesão à vida. Mesmo quando está tudo muito confuso em mim, mesmo quando sofro por minha causa e das minhas emoções, toco, através da contemplação, no local onde estou em harmonia comigo mesmo, e em que posso dizer: Está bem como está. Já não consigo expressar nada para além disto. Não consigo dizer: está bem por isto ou por aquilo. È simplesmente assim. Entro em contacto com o ser e, com o ser, termina toda a avaliação. Existo e pronto. Deus existe. O ser existe. E é quanto basta.”
Depois destas palavras que não ousarei comentar citarei outro grande santo da igreja, santo Agostinho. Para ele, a ânsia de eternidade (ou de uma vida sem tempo) é uma ânsia de estabilidade, de felicidade permanente, do amor duradouro, do sucesso na vida.

Esta ansiedade de que fala santo Agostinho seria cumprida em Jesus Cristo e sobre o mesmo Jesus Cristo escreve: “Quando se aproximava o cumprimento do tempo apareceu também Ele, que nos queria libertar do tempo. Então libertos do tempo, devemos atingir uma eternidade onde não existe qualquer tempo.” Para santo Agostinho, nós cristãos, participamos em Cristo, e através Dele na eternidade.
Também a bíblia se refere ao mistério que é o tempo:
“1. Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus:
2. tempo para nascer, e tempo para morrer; tempo para plantar, e tempo para arrancar o que foi plantado;
3. tempo para matar, e tempo para sarar; tempo para demolir, e tempo para construir;
4. tempo para chorar, e tempo para rir; tempo para gemer, e tempo para dançar;
5. tempo para atirar pedras, e tempo para ajuntá-las; tempo para dar abraços, e tempo para apartar-se.
6. Tempo para procurar, e tempo para perder; tempo para guardar, e tempo para deitar fora;
7. tempo para rasgar, e tempo para costurar; tempo para calar, e tempo para falar;
8. tempo para amar, e tempo para odiar; tempo para a guerra, e tempo para a paz.”
O que me parece que salta logo á vista ao meditar neste texto é que tudo é bom no seu tempo próprio. E o tempo próprio só Deus conhece. Então, embora a nossa caminhada deva ser activa e não passiva, a resignação à vontade divina, ainda que algumas vezes seja mais fácil dizê-lo do que fazê-lo, deve imperar na vida do ser maduro na sua fé. Nunca querendo ultrapassar o tempo, por não ter tempo, mas vivendo cada momento com a intensidade que lhe será própria.
Por outras palavras, o tempo não está nas minhas mãos. Só quando o recebo das mãos de Deus com a qualidade que Ele lhe concede, (tempo de doença, de alegria, de dor, de saúde, de sofrimento, etc,) tal como ele é, é que ele, o tempo se torna bom, se torna um tempo medicinal e sagrado, um tempo em que a eternidade se torna visível.
Santa Terezinha que conheceu bem tempos conturbados, dizia: “quando o desespero nos ataca é habitual que pensemos demasiado no passado e no futuro, mas o que deveríamos verdadeiramente fazer era viver esse tempo e aprende-lo.
Termino esta compilação de ideias sobre o tempo com uma oração de santa Tereza:
Nada te perturbe,
Nada te espante,
Tudo passa.
Só Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem a Deus tem
Nada lhe falta.
Só Deus basta!
Também ela está de acordo com são Bento que nos diz acima; E é quanto basta.
E quando nos faltar o tal tempo que não é nosso e ansiarmos e desesperarmos por mais tempo, saibamos respirar em contemplação com são Bento e dizer com santa Terezinha “Só Deus Basta!”

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